Thursday, May 18, 2006

 

Tu e eu vamos "tshunar" Maputo




POR Teodósio Bule


Quando regressei ao país em 2005, depois de muitos e longos anos em aventuras académicas e profissionais pela Europa e África Austral, o meu maior receio era o de eu também aceitar como normal o estado de coisas na cidade de Maputo. Porque, no meu entender, uma cidade é aquilo que os seus habitantes querem que ela seja, e que achem normal e aceitável.

Aterrorizava-me a ideia de achar normal uma cidade de ruas esburacadas, lixo mal-acondicionado, árvores secando por causa de urina humana, barracas em cada esquina, poluição de toda a espécie, com particular destaque para a poluição sonora.

Custava-me ver gradeamentos em edifícios que não foram inicialmente concebidos para tal, sobretudo porque viví em cidades onde não se fecham cortinas, pois os habitantes daqueles pontos da Europa, dizem que não receiam qualquer molestação, apesar de serem muito ricos.

Era, para mim, revoltante constatar que a cidade não respondia ao aumento do parque automóvel, uma situação inaceitável, porque, para um melhor escoamento do tráfego, basta adoptar conceitos inovadores e simples, sem grandes encargos financeiros, e sem sequer necessitar de construir novas vias.

Mas agora tenho motivos para sorrir. A julgar pelas obras levadas a cabo no Jardim dos Namorados, Praça 25 de Junho (na baixa), Jardim Nangade (antigo Jardim Dona Berta), e na Av. 24 de Julho, só para citar alguns casos, há razões de sobra para acreditar que Comiche não está a brincar, quando diz que tu e eu vamos mudar Maputo.

Maputo está, de facto, a mudar. Para melhor. Muito melhor! Maputo está a ficar literalmente tshunada! Num futuro muito próximo, o fornecimento de água em Maputo será ininterrupto. O escoamento do trânsito vai melhorar muito, quando os automobilistas se habituarem às novas regras de circulação, que passam, por exemplo, pelas já estabelecidas vias de sentido único.

E o lixo?, perguntam alguns. Que tem o lixo?, replico. Há maningue lixo espalhado na cidade, tás cego ou fazes-te?!, revoltam-se, incrédulos!

Ora antes de reclamarem o que quer que seja sobre o lixo, bradas, talvez valha a pena pensarem antes no que fazem ao lixo que produzem diariamente. O vosso sentido de justiça levar-vos-á, certamente, a constatar que a quantidade de lixo depositado no contentor não é suficiente para provocar ruptura do sistema de recolha de lixo. Os contentores de lixo estão sempre a abarrotar porque os utentes não têm o cuidado prévio de separar o lixo.

É básico que as embalagens devem ser espalmadas, para ocuparem menor espaço, e devem ser separadas dos resíduos orgânicos. E temos que evitar levar para casa tantos sacos plásticos, quando fazemos compras. O saco plástico novo que gratuitamente nos dão no supermercado não é xilungo, é violência contra o meio ambiente!

Uma versão deste texto foi publicado na minha coluna semanal, TEOsofias, do semanário mundo9, de 16 a 23 de Maio de 2006.

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