Friday, August 18, 2006

 

A síndroma do quarto macaco




POR Teodósio Bule

Num país onde a pobreza é generalizada, a sociedade comporta-se de uma maneira que perpetua esse mesmo estado de pobreza, disse-me uma vez uma colega sul-africana. Os apelos e esforços de algumas camadas da sociedade, para que se adoptem novas atitudes para uma vida melhor, parecem não merecer acolhimento da maioria. A pobreza é tão profunda que as pessoas já não acreditam numa vida melhor.

Alguns cientistas tentaram perceber o fenómeno, explica a project manager sul-africana, e descobriram que é possível estabelecer paralelismos entre o comportamento dos povos de países pobres (mas ricos em recursos naturais e humanos), e o comportamento do quarto chimpanzé.

Os cientistas meteram um chimpanzé relativamente esfomeado numa sala. Suspenderam uma banana no tecto da sala, e desceram a corda até muito próximo do chão. À medida que o chimpanzé se fazia à banana, os cientistas puxavam a banana para cima, até que o macaco desistiu, desconsolado.

Meteram o segundo chimpanzé. Este, ignorando a presença do primeiro, que ainda se encontra na sala, põe-se imediatamente aos pulos, na tentativa de alcançar a banana, sem sucesso. Exausto, desiste também.

Entra o terceiro chimpanzé. Sem mais, e ignorando a presença dos outros dois, dá o primeiro pulo para apanhar a banana. Os outros dois levantam-se, puxam no terceiro macaco, e impedem-no de tentar apanhar a banana. O terceiro macaco obedece, e vai para um canto catar piolhos.

O quarto chimpanzé faminto entra na sala. Olha para cima e vê a banana. A seguir olha para os lados, e vê três semelhantes seus sentados, visivelmente esfomeados. Olha outra vez para cima, e a banana lá está, na mesma posição alcançável com um simples pulo. Ignora a banana, vai para um canto da sala, e põe-se a catar piolhos.

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